Mandante do assassinato de empresária é procurado em Araguaína; operação da Polícia Civil de Minas apreende celulares e HDs na cidade

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu o inquérito que apura o assassinato da empresária Ingrid Emanuelle Santos, de 34 anos, morta em Governador Valadares (MG), e indiciou o ex-marido dela como mandante e autor intelectual do crime. A investigação revelou que o feminicídio foi planejado friamente e executado mediante pagamento de R$ 80 mil a dois homens contratados para cometer o assassinato.
Os executores foram presos dois dias após o crime, em Itumbiara (GO), quando tentavam chegar ao Tocantins, estado onde o mandante e o intermediário do crime residem. Desde então, ambos estão foragidos.
Ação policial em Araguaína
Nesta semana, a PCMG, com apoio da Polícia Federal, realizou uma operação em Araguaína, norte do Tocantins, para tentar localizar os suspeitos e recolher provas sobre a atuação deles em outros crimes.
Durante a ação, os agentes apreenderam seis celulares e nove HDs de computadores em endereços ligados aos investigados. O material foi encaminhado para perícia técnica, e pode revelar novas conexões criminosas e provas sobre o planejamento do assassinato.
De acordo com o delegado Luciano Cunha de Lima, o envolvimento dos suspeitos com outros delitos é uma das linhas de investigação.
“Esses materiais podem comprovar a participação deles em outras atividades ilícitas e ajudar a esclarecer a extensão das operações do grupo fora de Minas Gerais”, explicou.
O delegado responsável pelo caso, Márdio Bento Costa, confirmou que o ex-marido da vítima é apontado como líder de uma organização criminosa que atua com tráfico internacional de pessoas e contrabando para a Europa, sendo alvo também de investigações da Polícia Federal em Fortaleza (CE).
Crime premeditado e execução cruel
As investigações mostram que o crime foi minuciosamente planejado. O mandante enviou um intermediário a Governador Valadares, em julho deste ano, para monitorar a rotina da vítima.
Em setembro, os executores se hospedaram em um hotel da cidade e se disfarçaram de entregadores para ter acesso à casa da empresária. Segundo a polícia, o mandante ligou para Ingrid dizendo que enviaria um lanche (açaí), fazendo com que ela abrisse o portão momento em que foi atacada.
Ingrid foi encontrada com as mãos amarradas por fitas de nylon e dois cortes profundos no pescoço. Perto do corpo, havia uma jarra de água, indicando que ela provavelmente tentou oferecer água aos criminosos antes de ser morta.
Motivações e fuga dos suspeitos
O crime teve dupla motivação: conflitos pessoais e interesses criminosos. O casal estava separado e disputava guarda da filha e partilha de bens. Além disso, Ingrid teria se tornado um “empecilho” para as atividades ilícitas do ex-marido, que buscava silenciá-la.
Após o crime, os executores fugiram em um ônibus, mas foram presos em flagrante com pertences da vítima, incluindo um pingente da filha de três anos de Ingrid.
Os dois principais suspeitos o mandante e o intermediário continuam foragidos, possivelmente escondidos no Tocantins. A Polícia Civil de Minas e a Polícia Civil do Tocantins trabalham em conjunto com a Polícia Federal para capturá-los.
“Caso haja indícios de que deixaram o país, poderemos acionar a Interpol para emissão de difusão vermelha”, afirmou o delegado Márdio Costa.
Repercussão e desfecho
O assassinato chocou a população de Minas e reacendeu o debate sobre violência contra a mulher e feminicídio premeditado. A PCMG encerrou o inquérito com o indiciamento de quatro pessoas o mandante, o intermediário e os dois executores, e encaminhou o caso ao Tribunal do Júri de Governador Valadares.
A Polícia reforça que denúncias anônimas podem ajudar na localização dos foragidos.